A Refeição em Família – de Ferran Adriá | Menu do Cozinha Travessa

Recentemente fui convidada pela Editoria Agir para participar de mais um concurso entre blogueiros e cá estou eu. A proposta em questão foi elaborar um menu que faz parte do novo livro do Ferran Adriá, conceituado chef espanhol: A Refeição em Família. Os menus foram sorteados entre os blogueiros e como todo post deste tipo é mais longo, peço a paciência de vocês e os convido a entrar nesse fascinante mundo da gastronomia. O prêmio é uma quantia em dinheiro atraente, por isso, enquanto estiverem lendo o post, cruzem os dedos pra mim.

ferran-adriáMas antes de falar mais sobre o concurso,vamos falar um pouco do autor do livro e o seu famoso e lendário restaurante. O El Bulli é localizado em Roses, que fica na Costa Brava espanhola. Foi descrito pelos críticos como “o mais imaginativo gerador de haute cuisine no mundo” e já arrebatou 3 estrelas do Guia Michelin. Detém também o recorde da prestigiada revista gastronômica “Restaurant”, ficando no ano de 2002 e de 2006 a 2009, no primeiro lugar do ranking, distinguindo-se como “o melhor restaurante do mundo”, na lista dos 50 melhores. E pra quem não sabia, o El Bulli abria somente por um período de 6 meses durante o ano. Mas a triste notícia é que o El Bulli fechou suas portas no dia 30 de julho de 2011.

E quando souberam que o El Bulli iria fechar, Ferran Adriá e Eugeni de Diogo (um dos chefs líderes do restaurante) resolveram criar esse livro, que reúne todas as receitas publicadas no A Refeição em Família. Na verdade estamos falando da família do El Bulli – os 75 funcionários do restaurante – que todos os dias antes da abertura do El Bulli se sentavam para jantar juntos. E a resposta para isso era simples: eles acreditavam que, se estivessem comendo bem, estavam cozinhando bem. E aqui está, um trabalho de 3 anos destes 2 chefs de presente para cozinharmos em casa, ou seja, a comida que eles gostavam de comer no El Bulli, uma culinária simples e descomplicada, de maneira organizada e com receitas adaptadas para nós, cozinheiros domésticos. A filosofia da cozinha profissional para a culinária caseira.

O livro é muito prático, pois ensina coisas básicas da cozinha como os principais utensílios, as compras, a organização que devemos ter antes de começar a cozinhar (mise en place), os produtos do dia a dia e como preparar receitas básicas  como molhos e caldos. Aborda também sobre o armazenamento de alimentos em casa, sobre comida congelada, ervas e especiarias, enfim, achei um livro muito bem elaborado e o melhor, qualquer pessoa que tem noções muito básicas na cozinha, conseguirá preparar as refeições propostas pelos chefs. E assim como como chefs deste livro, eu também acredito que se você não come bem é porque ainda não tentou.


Bom, mas vamos a parte mais gostosa – o menu do Cozinha Travessa.
Comer em família é um ato muito comum pra mim. O livro fala da família do El Bulli e aqui eu falo da minha família. Quando pequena meus  pais sempre comeram à mesa, com todos reunidos e até hoje é assim quando almoço por lá. Em casa eu levei este hábito comigo e quase sempre, eu e o meu marido almoçamos em casa e agora, com o Edu não é diferente. Aos finais de semana a coisa fica mais especial, pois temos mais tempo para comer e desfrutar deste ato que é tão necessário em nossas vidas e para mim posso afirmar que é um momento muito prazeroso.

Assim como muitos de vocês, eu também não sabia cozinhar e foi em família que eu aprendi, com a minha mãe Marta e a minha avó  materna Divina, que hoje não está mais entre nós, mas que em muitos momentos me lembro dela quando estou cozinhando. E como disse o chef Ferran Adriá: comer bem não precisa ser caro. E isto é um fato. Comer bem só precisa de duas coisas: tentar fazer a sua comida e mais importante, fazê-la com carinho e amor. Essa é a grande essência da culinária.

O menu que foi sorteado para o Cozinha Travessa é muito simples, mas muito especial, por isso pensei numa coisa – a minha família de origem será minha família desde sempre e guardada no meu coração, mas as famílias que conquistamos ao longo da vida são de um valor incomparável e para fazer parte deste dia tão especial, convidei uma família que faz parte da minha vida, a família Queiroz Borges: André, Ismália e os pequenos Francisco e Ana Clara, nossos afilhados. E como toda família com filhos pequenos, temos as nossas particularidades de sempre: menino correndo e gritando na cozinha, mamando no sofá, tirando um cochilo e participando de tudo, tudinho. E a vida vai seguindo mais feliz assim, com a casa cheia de alegria!

Os preparativos, que no mundo gastronômico chamamos de mise en place, sempre fizeram parte da minha culinária desde que comecei a tomar gosto pra coisa. Não sei se é porque sou organizada demais, mas enfim, a prática facilita muito o preparo de qualquer refeição, mesmo que seja um pão com o ovo. O primeiro prato do menu escolhido (que foi a refeição 13 do livro) era um farfalle ao pesto. Eu já tinha o pesto pronto e congelado, assim como o Ferran Adriá ensina no livro, então a entrada foi muito fácil e não perdeu o seu charme.

Farfalle ao pesto

O segundo prato do menu era um peixebrema à moda japonesa. Bom, o peixe indicado no livro era um dourado de água salgada, mas como eu não moro na Costa Brava espanhola e o mar é bem distante aqui de Minas Gerais, segui ao pé da letra o conselho de Ferran e estabeleci contato pessoal e objetivo com o dono da peixaria, que por sinal foi muito simpático. E discutindo a receita com ele, mostrando o livro e tudo, ele me orientou a usar um peixe típico da região e que  me daria um resultado muito próximo – o tucunaré. Eu fiquei muito segura com a indicação dele e assim consegui um ingrediente o mais fresco possível para executar o prato. A receita pedia para fazer no vapor ou grelhar, mais eu fui mais abusada ainda e resolvi fazer do jeito mais comum, muito usado por aqui, principalmente pelos pescadores da redondeza – assado na brasa. No caso desta receita eu me senti completamente seguindo os conselhos do chef e me adaptando ao clima, região, costumes, necessidades, enfim, eu tentei, me arrisquei e deu muito certo.

Brema à moda japonesa

E para encerrar essa deliciosa experiência uma sobremesa que de tão simples parece boba: tangerinas com cointreau. Aqui em Minas é muito comum a mexerica, mas eu tive a sorte de encontrar tangerinas mesmo no supermercado. Essa foi muito fácil de preparar e depois que todo mundo devorou os peixes eu corri pra cozinha e finalizei a sobremesa. A mistura de sabores surpreendeu a todos e essa sobremesa com certeza vai fazer parte das minhas sobremesas favoritas agora.

Tangerinas com cointreau

Bom, é isso minha gente e como disse o meu amigo Renan Castro, que trabalha comigo – o olho conta para a boca o gosto que a comida tem. O sabor dos pratos eu posso garantir, por isso caprichei bastante nas fotos para vocês se sentirem lá em casa. Agora, toda esta experiência está nas mãos de um júri composto pela equipe de marketing da Editora Agir e seja o que Deus quiser.

O que mais posso falar para vocês é que fazer refeições em família faz parte do meu dia a dia. Como mãe de uma criança de 2 anos, eu tenho a obrigação de proporcionar momentos assim para o meu filho, pois além de resgatar toda a minha infância e tudo o que eu aprendi com os meus pais, eu posso incentivá-lo a ter uma alimentação saudável, proporcionando uma boa qualidade de vida. Acredito que estar em família é dividir ocasiões assim: são momentos que ficarão marcados para sempre na vida dos nossos filhos e também nas nossas vidas.

Desejo sorte aos demais blogueiros, os quais alguns deles são meus amigos.
E  se vocês quiserem conferir os demais menus, aqui estão os blogs da galera:
Cozinha Pequena
Gordelícias
Panelaterapia
Pitadinha
Prato Fundo
Receitas Gourmet
Sabor Sonoro


Ah, semana que vem, vou postar as receitas dos pratos que vocês estão vendo neste post, mas antes disto vai rolar aqui no blog um sorteio do livro “A Refeição em Família”. Mas já conto mais detalhes no próximo post.

Obrigada pela torcida e assim que sair o resultado, conto pra vocês.

 


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